Estudante brasileira de 19 anos cria um diagnóstico mais barato e eficaz para a endometriose

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Georgia Gabriela Sampaio, 19 anos, filha de uma cabeleireira e do dono de uma loja de materiais para construção tinha tudo para ser mais uma jovem de vida acadêmica inexpressiva. Mas o chamado dela falou mais alto!

Essa baiana de Feira de Santana foi uma das estudantes premiadas pela Universidade de Harvard, nos EUA, por meio de um programa de ideias inovadoras há exatamente um ano.

O prêmio mais que merecido foi o resultado de sua pesquisa que tem como objetivo proporcionar um diagnóstico da endometriose mais rápido e acessível às mulheres de baixa renda.

Georgia Gabriela Sampaio
Georgia Gabriela Sampaio

O inimigo oculto das mulheres

“Dói mais não saber” é a frase usada na divulgação da campanha de conscientização da importância da realização dos exames preventivos femininos

A endometriose é uma doença caracterizada pela presença do tecido que reveste a cavidade uterina – conhecido como endométrio – fora daquela cavidade, ou seja, em outros órgãos femininos: ovários, tubas uterinas (antigas trompas) e até nos intestinos e bexiga.

Todos os meses o endométrio fica espesso para que, quando há a fecundação, o óvulo possa se aderir nele. Quando o óvulo não é fecundado e, portanto, a gravidez não acontece, há uma descamação do endométrio que é secretado na menstruação.

Porém, em algumas mulheres, um pouco do sangue segue pelo caminho oposto e cai no interior da pelve feminina resultando na endometriose.

Não se sabe ao certo o porquê dessa inversão de caminho do sangue acontecer, porém isso pode ocorrer desde a primeira menstruação e se estender até a última.

As mulheres portadoras da endometriose sentem dores incapacitantes durante o período da menstruação e ao ter relações sexuais.

Muitas mulheres somente descobrem ser portadoras da endometriose quando não conseguem engravidar. Segundo a ABEND (Associação Brasileira de Endometriose), a infertilidade está presente em 40% das mulheres portadoras da doença.

A motivação de Georgia

Georgia teve uma motivação grande para pesquisar sobre a doença.

No final de 2012, a estudante descobriu que a doença estava muito mais próxima dela do que ela gostaria: uma tia materna de estudante teve de retirar o útero após descobrir que era portadora da doença em um estágio avançando que impossibilitou o tratamento.

Sem conhecer a doença, Georgia não entendia como a tia poderia ter deixado a doença chegar a esse estado: “Assim que soube do problema da minha tia, abri o Google, digitei o termo e passei horas pesquisando. Li sobre a gravidade da endometriose e a ocorrência sobre as populações menos favorecidas.

Isso me levou a pensar em quantas milhões de mulheres também passavam pela mesma situação da minha tia. Contei a ideia de pesquisar isso para o meu professor de biologia e não parei desde então”, explica.

O diagnóstico difícil e ineficaz da doença

Durante sua pesquisa, Georgia acabou percebendo que diagnosticar a doença, principalmente nas pacientes de baixa renda, era difícil.

“O diagnóstico é caro e ineficiente. É uma ultrassonografia, um exame de imagem no qual se analisa todo o corpo para procurar focos causados pelo tecido endometrial fora do lugar, onde não deveria estar.

E o fato é que a endometriose demora para se desenvolver e, quando a mulher apresenta esse foco, é porque já estava doente há muito tempo. Então, se eu estou com endometriose e ainda não desenvolvi esse foco, não vou descobrir a doença pelo exame de imagem”, diz.

Georgia ainda explicou que, devido às dores causadas pela doença, muitas mulheres pensam que sofrem de simples cólicas menstruais e tomam remédios para alívio deste sintoma.

Elas simplesmente vão passando os meses a base de antiespasmódicos (remédios para cólicas menstruais) sem saber que têm a doença.

Para a estudante, a criação de um diagnóstico barato tem o objetivo de incluir essas mulheres que não podem pagar pelo exame de imagem, como foi o caso de sua tia.

Segundo Georgia, o diagnóstico da endometriose poderia ser feito por meio de exames de sangue, urina ou saliva que são capazes de demonstrar quaisquer alterações biológicas, bem mais pontuais que uma simples ultrassonografia.

Harvard não é o limite!

Georgia conta o fato de ter crescido com a constante motivação dos pais a ajudou a chegar aonde chegou: “Nunca passei mais de três anos em uma escola só. Depois do ensino básico em escola pública, minha mãe resolveu conseguir bolsas de estudos em colégios particulares para mim.

Deu certo. À medida que fui avançando de escola em escola, ia conseguindo um rendimento melhor. Consegui a maior bolsa, tanto em qualidade, quanto em valor, no segundo ano do colegial. Isso só foi possível porque juntei um boletim rico e muitas atividades extracurriculares durante a minha vida acadêmica”.

Toda essa dedicação e amor à ciência lhe renderam muitos frutos. Foi por meio de uma reportagem publicada no site da Fundação Estudar que Georgia conheceu o programa Village to Raise a Child, que reúne amigos e ex-alunos de Harvard com o objetivo de colocar em foco projetos que causem um impacto positivo nas comunidades em que estudantes ao redor do mundo estão inseridos.

Raíssa Müller, ao lado esquerdo de Georgia, também é brasileira
Raíssa Müller, ao lado esquerdo de Georgia, também é brasileira

Em novembro do ano passado, já nos EUA, Georgia conheceu um médico que está fazendo a mesma pesquisa que ela. Isso só  a motivou para querer aprender mais e, assim, poder trazer novidades sobre a área para o Brasil.

Os seis milhões de mulheres portadoras da endometriose no Brasil, e as 180 milhões ao redor do mundo, agradecem!

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Fonte: projetodraft.com.

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