A imagem que você tem do feminismo vai mudar. Entenda de uma vez por todas.

‘Prefiro ser uma feminista ruim do que não ser feminista de jeito algum!’

Tudo começou com uma piada sobre ela mesma. O que Roxane Gay não contava é que o apelido de Feminista Ruim (Bad Feminist, nome de seu best seller) seria sua marca registrada.

Mas, quem é essa feminista ruim que conseguiu fazer com que as mulheres ao redor do mundo repensassem o que significa ser feminista?

Roxane Gay é a autora de Bad Feminist

Nascida em 1974, no estado americano de Nebraska, é escritora, professora de inglês na Universidade de Purdue (em Indiana), editora, blogueira e comentarista. É fundadora da Tiny Hardcore Press, colaboradora da Bluestem Magazine, editora da The Rumpus e co-editora da revista PANK.

Em sua palestra Confessions of a Bad Feminist, Roxane compartilha com a plateia que quando era muito jovem sofreu um estupro. A escritora conta que foi tratada como se não tivesse valor e como se o que ela falava não tinha importância, o que a levou a acreditar que isso fosse verdade: “eles roubaram minha voz e, depois disso, eu não me atrevia a acreditar que qualquer coisa que eu dissesse teria importância”.

Em uma entrevista publicada no O Globo em janeiro deste ano, Roxane falou como esse trauma a ajudou a moldar seu estilo de escrever: “o que eu vivi fez com que falar sobre violência sexual e as repercussões da cultura do estupro tivesse uma importância crítica para o meu feminismo. Gostaria de pensar que isso também me ajudou a ser mais compreensiva com as mulheres, independentemente de suas experiências terem sido semelhantes às minhas ou não.”

Roxane recuperou sua voz através da escrita e é assim que pretende tocar e empoderar as mulheres que encontra pelo seu caminho.

Feminista Ruim

“Feminismo é a noção radical que as mulheres também são pessoas” (frase sem autor)

Roxane conta que quando era mais jovem, a imagem que tinha das feministas era a das mulheres peludas, odiosas e que odiavam os homens e o sexo: “hoje em dia, vejo como as mulheres são tratadas no mundo todo , e ódio, em particular, parece ser uma resposta bem razoável”. Ser rotulada como feminista parecia mais ser uma acusação, pois indicava que aquela mulher era rebelde que tinha a petulância de se julgar igual ou superior ao homem.

Conforme foi amadurecendo, Roxane percebeu que era, sim, uma feminista, porque acreditava em algumas ideias que julgava ser óbvias: as mulheres são iguais aos homens e merecem uma remuneração igual para funções semelhantes; a mulher tem o direito de se movimentar pelo mundo do jeito que escolher, bem como fazer escolhas sobre seu corpo, livre de assédio, violência, supervisão legislativa ou doutrina religiosa. A mulher tem direito ao respeito.

A autora também comentou sobre como, no passado, o feminismo excluiu as minorias: “Por muito tempo, o feminismo se preocupou principalmente com a mulher branca de classe média. O movimento negligenciou mulheres de cor, mulheres queers, operárias, transgêneras, como se primeiro fosse preciso lidar com os problemas das mulheres de classe média brancas e depois com o resto. Isso está mudando lentamente, e chegou a hora de tentar trazer mais mudanças em um ritmo mais acelerado, porque a necessidade é grande lá fora.”

Mas o momento em que a mulher que assiste à palestra se sente mais próxima de Roxane é quando a escritora assume suas falhas: “Eu pratico o feminismo de várias maneira erradas. Ouço música de rap barra pesada, apesar das letras serem degradantes às mulheres. A canção clássica de Yin Yang Twins, Salt Shaker, é incrível (risos)!”

Entre outras falhas, a escritora admite que acredita piamente no trabalho do homem, incluindo as tarefas domésticas, matar insetos e tirar o lixo. Adotando um tom mais sério, Roxane admite que, como feminista, sente muita pressão, porque as pessoas têm a tendência de colocar feministas notáveis em pedestais e que, quando são decepcionadas, as derrubam do mesmo pedestal que as colocaram. “Muitas mulheres inovadoras e líderes da indústria, têm medo de serem rotuladas como feministas”, completa Roxane. Isso acontece por causa do peso que esse rótulo tem. “É algo irrealista, não inclusivo e insustentável. Precisamos desafiar essa ideia de perfeição para que mais pessoas aprendam o que o feminismo realmente é e, com sorte, desejem que ele faça parte de suas vidas.”

É tudo uma questão de fazer escolhas melhores

Depois de admitir suas falhas, Roxane diz que as feministas precisam assumir a responsabilidade e serem um pouco mais corajosas em relação às suas escolhas: “todos nós podemos fazer escolhas melhores. Podemos mudar o canal quando um programa de TV trata da violência sexual como um esporte; mudar a estação de rádio quando ouvimos músicas que depreciam as mulheres; podemos parar de apoiar esportes profissionais quando os atletas tratam suas parceiras como sacos de pancadas.”

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Neste último caso, a autora se refere ao astro do NFL Ray Rice, que foi pego espancando sua mulher pela câmera de um elevador. [Para assistir ao vídeo, clique aqui. CUIDADO! O vídeo contém cenas fortes e revoltantes!]

Roxane completa dizendo que os homens também podem participar desse “novo” movimento feminino em situações em que possam dizer que não vão publicar em determinada revista, ou participar de tal projeto, até que um número justo de mulheres seja incluído como participantes e tomadoras de decisões.

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“Sem esforços as realizações significarão muito pouco”

Roxane acredita que é através destes pequenos atos de coragem que nossas escolhas podem chegar, aos poucos, até as pessoas que realmente detêm o poder: editores, produtores de filmes e músicas, CEOs, legisladores, etc.

“A última linha do meu livro ‘Bad Feminist’ diz: Eu preferiria ser uma feminista ruim a não ser feminista de jeito algum. (…) Digo isso porque no passado minha voz foi roubada de mim e o feminismo me ajudou a consegui-la de volta.”

Clique no play para assistir a esse vídeo inesquecível e inspirador.

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